sexta-feira, 5 de novembro de 2010

AS CASTAS BRANCAS MAIS CONCEITUADAS INTERNACIONALMENTE

Deus apenas criou a água…


AS CASTAS BRANCAS MAIS CONCEITUADAS INTERNACIONALMENTE

Torrontés

A origem desta casta ainda não estará completamente esclarecida, mas os últimos estudos levam-nos a crer que é um cruzamento entre a moscatel e uma casta que se desenvolveu localmente à custa de videiras vitis vinífera, oriundas da Europa, mas sem se conseguir estabelecer essa ligação. Deram-lhe o sugestivo nome de criolla.

A versão anterior e possivelmente mais divulgada estabelecia a origem desta casta na Galiza. Esta hipótese sempre foi no entanto muito contestada pelo facto de não se conseguir encontrar na Galiza nenhum vinho que se assemelhe ao que é produzido na Argentina e, se é verdade que clima e o solo mudam o vinho, a verdade é que existe sempre uma matriz que permite identificar a casta.

É a casta bandeira nos brancos argentinos e não é por acaso, pois o vinho é de uma qualidade incontestável e de uma exuberância poucas vezes igualada. Aromas a lichias, rosas, moscatel, frutas tropicais são usuais. Na boca tem um bom corpo e a casta tem tendência para ser muito alcoólica e nesses casos é um pouco oleosa que no entanto é contrabalançada pela boa acidez que apresenta.

O vinho Crios da Susana Balbo é um bom exemplar desta casta.



Viognier

Esta é uma casta fundamental nos vinhos das Côtes du Rhône, em França, que entrou na moda a nível mundial nos princípios dos anos 90 assim com a sua região de origem, Condrieu, situada na zona norte desta região e onde só se produz vinho branco e é por vezes utilizada nos vinhos tintos misturada com a Syrah, também oriunda desta zona.

A videira precisa de climas quentes e a cor profundamente amarela da uva origina vinhos de cor carregada, alcoólicos e com aromas a alperces, pêssegos, pêra, mineral e flores.

Os vinhos de Condrieu são provavelmente os únicos vinhos brancos de alto preço que se devem beber novos, no entanto já bebemos alguns belos exemplares com 4 ou 5 anos de idade.

O elevado nível de álcool associado a uma grande estrutura faz com que sejam autênticos monstros e são fantásticos desde que a acidez se mantenha, esse que é o grande problema da casta, que precisa de boas maturações mas que por vezes perde a sua acidez tornando-os quase imbebíveis.

Em Portugal, José Bento dos Santos, grande apaixonado pelas castas desta região francesa, faz um dos melhores exemplares portugueses, o Madrigal. Outros bons exemplares podem encontrar-se também na Estremadura, agora denominada Lisboa como é o caso do Vale D’Algares, da Quinta do Lagar Novo ou da Quinta do Pinto.

Hildérico Coutinho

Detentor do 2º e 3º Nível do WSET (Wine and Spirits Education Trust)

www.galeriadevinhos.com

Quo Vadis? Enoteca e Cozinha Mediterrânica (Matosinhos)



In Jornal Beirão, nº 49, 5 de Novembro 2010

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